segunda-feira, 19 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Quarto dia: 26 de Setembro de 2009 - parte 2
A tarde fomos até a casa de Seu Edir. Ele é ex-Presidente do Sindicato do Trabalhador Rural, atual tesoureiro da mesma instituição. Conversamos sobre o homem do campo: O que e como vive, o que sonha e sofre. Seu Edir recitou um verso que escreveu para uma reunião do sindicato sobre o homem rural.
Nos olhos do sertanejo
A seca do licuri
A pele rachada, da seca
Mas nunca se deixa de ri
A simplicidade do povo
Que labuta o dia inteiro
E ainda pega na viola
Se junta também com o pandeiro
Trabalha a semana, pra feira
Pra comprar o de comer
Recebe quase uma esmola
Chega ser difícil de crer
Comprando a subsistência
Sua alimentação
Ainda dentro da bondade
Sobra um para doação
Reza pra chuva cair
Pro sertão se enverdecer
Pra cultura licuri
Nunca desaparecer...
Duka Souto
Quarto dia: 26 de Setembro de 2009 - parte 1
Sábado é dia de feira. Dona Ruta fez a quebra e tira do licuri na noite passada em sua casa. Depois de 3 semanas de trabalho, onde: Uma semana catando, uma semana secando e servindo de comida para as galinhas, uma semana quebrando e um dia com cerca de 30 pessoas tirando o licuri, cerca de 37 kg foram juntados, o que da em valores reias R$ 37,00. Um quilo custa um real. Ela segue todos os sábado com seu vizinho Seu Edmundo em sua carroça até o armazém de Seu Jaime, o atravessador a quem ela vende seu licuri.
Depois de vendido acompanhamos Ruta pela feira. A nossa intenção era ver o que ela conseguiria comprar com o dinheiro. Conversando, descobrimos que essas compras dariam apenas para um semana em sua casa.
Na feira as pessoas que vendem carne ficaram desconfiadas achando que éramos da fiscalização e estávamos filmando para fechar as barracas. Algumas pessoas pegaram suas coisas e foram embora.
Depois da feira, Ruta carrega suas compras por uns 10 km até sua casa. Fernanda sempre a acompanha. Ela ainda tem a disposição de doar algumas moedas para um senhor que tem trombose.
Estive perto da redenção! Nunca achei que me sentiria tão pequeno e despreparado para a vida; As pessoas tem uma vitalidade e alegria em meio as adversidades que me fez questionar se eu tenho algum problema na vida.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Terceiro dia: 25 de Setembro de 2009
Fomos até a casa de Dona Dete, extrativista a anos encara o licuri como forma de não pensar em seus problemas. Ela ainda preparou leite de licuri em seu pilão. Comemos paçoca e cocada de licuri.
Aqui temos Fernanda, uma criança que hoje é sustentada pelo licuri. Não pensa em trabalhar com licuri; Adora andar de carro e nos acompanhava em nossas filmagens no povoado da Boa Vista. Mora com sua mãe e sua avó, Dona Ruta nossa personagem principal.
Nesse dia aconteceu uma quebra de licuri na casa de Dona Ruta. Algo emocionante presenciar o dia-a-dia sendo representado através das cantigas. As vozes rangem quando a goela fica seca, então a catuaba e a 51 lubrificam e estimulam a mente dos que cantam. As luzes do fifó, tremulam nos rostos rachados dos participantes, crianças presenciam e interagem. O cheiro do café sente-se da rua, convindo aos que passam para entrar e ajudar na quebra e tira do licuri.
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Segundo dia: 24 de Setembro 2009
Fomos até a fazenda de seu Edvan um criador de Gado. Na sua fazenda encontram-se muitos coqueiros de licuri. Nesse dia pegamos muito sol e clima seco andando muito pelos pastos, o gado faminto nos seguia achando que íamos dar ração para alimenta-los.
Aqui temos o açude de Serrolândia, ele hoje está salinizado pois os afluentes que desaguam nele ficaram secos e a salinidade dele cresceu e não ouve renovação das águas. A água dele não serve para o consumo, nem para o homem, nem para os animais.
A tarde fomos fazer nossas primeiras entrevistas. Estivemos num núcleo familiar, no povoado de Varzea Dantas. Encontramos com Dona Bidida, com Dona Lourdes e Dona Ninha. A conversa fluiu muito sobre a sociabilização na lida do licuri. Elas sustentam suas casas com a quebra. A hereditariedade e a família foram temas também abordados. Tivemos um ótimo dia, testamos a forma de entrevistar e como abordar os personagens.
Por-do-sol em Varzea Dantas.
Aqui equipe: Vinicius, Luan, Igor e Duka.
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